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Herdeiros do Caos - O Lamento do Príncipe Capítulo 12

 Tomar uma decisão pode ser mais fácil do que viver com ela.

 

— Então foi assim que eles fizeram. Um trabalho genial... não vai ser fácil desfazê-lo.

E isso foi a última coisa que ele disse após ouvir toda a história de como meus poderes foram selados. Desde então já se passou uma semana e ele age como se nós nem existíssemos. Não sei dizer se é porque ficou ocupado mudando a ilha de lugar, concertando a casa ou se simplesmente não sabia o que fazer quanto a minha tatuagem.

Por sorte, antes de nos ignorar completamente, ele nos apresentou os quartos e disse para repormos a energia. Bom, mais fácil falar do que fazer. Não é exatamente fácil dormir na casa de alguém em quem você não confia. Então nós acabamos ficando todos no mesmo quarto, Vallery, Harvey e eu nos revezando em quem fica de vigia a noite. Já o Duncan e o Z dividiram a cama de solteiro, a contragosto. E não acho que foi só a falta de conforto que atrapalhou a descansar. Havia uma tensão no ar desde que voltamos do paraíso.

E se outro anjo aparecer de repente? Como teríamos qualquer chance contra ele? Zuhiel não estava errado quando disse que comparado a eles somos bactérias. E, se um soldado comum tinha tanto poder, eu nem quero imaginar o que um arcanjo poder fazer.

Mesmo não gostando da ideia de recuperar meus poderes, não vejo a hora de isso acontecer. Preciso proteger minha família e eu não posso desperdiçar o sacrifício do Gerard.

E quanto aos meus amigos? Durante o dia estavam se ocupando com a exploração da mansão — mas eu deixei bem claro que não deviam mexer em nada —, registrando o úmero de quartos, itens que pareciam ser de valor e, procurando possíveis rotas de fuga.

Uma vez ladrões, sempre ladrões.

Contudo, o verdadeiro achado nessa exploração foi a cozinha, que por algum motivo que não entendo. fica no subsolo. Eu não tenho ideia se demônios precisavam comer, mas fiquei feliz pela geladeira estar cheia. Não é como se eu pudesse sair da ilha para dar um pulinho no mercado. Então estamos atacando os mantimentos dele durante esses dias e, pela primeira vez em muito tempo tivemos o luxo de usar um fogão. Se não fosse por estarmos metidos nessa guerra angelical e morando na casa de um demônio sinistro, eu poderia até dizer que isso parece férias.

Quando não estávamos explorando a mansão, acabávamos indo à praia. Duncan e o Z podiam sair correndo por aí sem se preocupar, Harvey trouxe seu tabuleiro de xadrez e se reveza em nos derrotar e a Vallery andava lendo bastante os quadrinhos do Z, que ela continua a insistir em dizer que não gosta. Se eu tivesse trago alguma vara de pescar, poderia ensinar os garotos. Não ouso me adentrar na floresta atrás da mansão, meus instintos continuam a dizer que tem algo maligno por lá.

Nesse omento estou deitado na areia, assistindo o Duncan e o Z apostarem quem consegue prender a respiração por mais tempo, coisa normal para crianças, coisa que eu gostaria que eles pudessem fazer mais. Vallery começa a caminhar na minha direção e eu sei que isso vai acabar com a tranquilidade.

— Quando vai ser? — ela pergunta, de novo. Parece mais ansiosa do que eu; — Eu não aguento mais esperar!

— Você deveria aproveitar enquanto pode — respondo, sem qualquer animação. — Não dá para saber quando vamos poder relaxar assim de novo.

— E eu lá quero saber de relaxar? Preciso fazer alguma ou vou enlouquecer!

— E o que sugere?

— Eu estava pensando... não acho que ele vai se importar se pegarmos umas armas emprestadas — ouvir isso me faz franzir o cenho. — Você bem que podia nos ensinar a lutar com elas. Nós vamos precisar aprender mesmo...

— Nem fodendo! Vocês não vão lutar! Viu o que aquele cara podia fazer? Acha que quero vocês chegando perto de outro anjo?

— Lá vem você querendo bancar o protetor! — ela revira os olhos. — Mas é ridículo! Você não é nosso pai e não pode decidir o que vamos ou não fazer!

— Tem razão. Eu não sou pai de nenhum de vocês. Sou apenas alguém que não quer vê-los morrendo!

— E acha que eu quero? É justamente o contrário! — Vallery grita, alto o bastante para chamar a atenção dos outros. — Se nós não soubermos nos proteger, as chances só aumentam! Já pensou no que vai acontecer se alguém nos atacar e você não estiver perto?

— Eu... não sei, caralho! — não gosto nem de pensar nisso e, perceber que ela está certa me deixa um tanto irritado. — Mas sei que as chances de vocês precisarem lutar é bem menor se ficarem escondidos! Essa luta não é de vocês! É minha!

— Que porra, Dy! Quando vai entender que estamos juntos nisso? — Z se aproxima, com o semblante fechado.

— Nós te-temos isso! Po-podemos lutar junto com vo-você — Duncan gira o punho, mostrando sua tatuagem.

— Está vendo? Eles decidiram por si mesmos — Vallery sorri, vitoriosa.

— Porque eles ainda não têm idade para entender o perigo! Aqueles caras não vão ter pena só porque vocês são crianças!

— Acha que não temos medo de morrer? — Z pergunta, com uma expressão sombria. — Dy, todo dia a gente se metia em encrenca e tinha de correr para não ser pego. Aquele cara no boco, poderia ter nos matado se você não tivesse lá... e agora também, nós vimos o que aquele anjo pode fazer, eu não acho que é uma brincadeira! Tudo que nós queremos é poder lutar junto com você e te ajudar! Eu já cansei de fugir assustado! Não ligo se sou uma criança, também não quero que você morra!

Isso me faz recuar, não esperava ouvir algo assim — ainda mais vindo dele — e, ele parece ter certeza de cada palavra. Como posso dizer não? Como proibi-los de fazer exatamente o que eu estou fazendo por eles?

— So-somos uma família! Na-não se abandona a família!

— Por acaso acham que estão num resort? — Zuhiel surge a alguns metros de onde estamos, com um semblante sério. — Dá para ouvir esses chiados sentimentais lá do meu quarto — ele olha em volta, como se faltasse algo. — Onde está o outro? O mudo?

— Harvey está na cozinha. Fazendo o almoço — Z responde, sem demonstrar qualquer medo.

— Não dei autorização para isso.

— E queria que fizéssemos fotossíntese? — caminho até ele, sem paciência. — Você tem nos ignorado por mais de uma semana. Nem sei onde estamos ou onde arranjar comida, já que nessa ilha não parece ter qualquer animal ou fruta — isso parece ser o bastante para ele desfazer a pose de controlador. — Não vou pedir desculpa por atacar sua geladeira.

— Que seja — ele dá de ombros, contrariado. — Melhor que estejam prontos. Removerei essa sua tatuagem essa noite.

— Antes disso — digo, antes que ele possa desaparecer de novo. — Quer explicar o que é isso?

Estendo meu braço para mostrar o símbolo que foi queimado na minha pele.

— Interessante. É um símbolo enoquiano. Esse aí representa a ganância.

— Um pecado capital... e se tem mais seis selos...

— Presumo que haverá um símbolo para cada um dos pecados, e juntos eles se tornarão a chave para desfazer os selos de Mikael.

— Eu ia dizer que meu braço vai ser queimado mais seis vezes — olho para a marca, com desgosto. — Mas é, isso aí também não está errado.

— Duvido que já não tenha passado por coisa pior — Zuhiel desparece novamente.

— O que não quer dizer que não doa para caralho... — resmungo, mesmo sabendo que ele não está mais aqui para ouvir.

— E aí? Você vai continuar sendo cuzão, ou vai deixar a gente aprender? — Vallery pergunta, com os braços cruzados.

— Já que não consigo botar juízo na cabeça de vocês, vou ter que ter certeza de que podem se virar sozinhos — respondo, com bastante dificuldade. — Mas antes de começar, vocês vão ter que prometer só lutar se não tiver nenhuma outra escolha. Estamos entendidos?

Prometemos! — Duncan e o Z responderam ao mesmo tempo, cheios de animação.

— Se isso te faz se sentir melhor... eu prometo — Vallery dá de ombros e depois simplesmente começa a caminhar de volta para a casa.

— Melhor irmos também. Vamos ver o que o Harvey está cozinhando — pego minha camiseta no chão e depois a sigo.

— Espero que seja melhor do que a sopa de ontem — Z faz uma careta.

— Vo-você re-reclama de tu-tudo, Z.

Deixo os dois passarem na minha frente, dou uma última olhada para o meu braço, para me despedir da tatuagem que me acompanhou por quase uma década. E é justamente pensando em despedida que me lembro dos últimos momentos com o espirito do Gerard. Não quando ele se sacrificou para atacar o anjo, mas no paraíso. Ele falou sobre uma mulher de vestido branco. Alguém que não só sabia dos meus poderes, mas como controlar os seus efeitos. Preciso voltar na cabana, talvez tenha alguma pista.

Caminho até a mansão apressado e vou direto até o quarto do demônio. Depois de uma semana aqui, estou aprendendo a andar pelos corredores malucos e, também acho que posso sentir a energia dele.

— Eu quero visitar a cabana onde cresci. E quero fazer isso antes de desfazer a tatuagem — digo.

— É uma péssima ideia.

— Escuta, eu concordei em condenar a alma dele ao inferno, que meu pai teoricamente vai abrir os portões. Eu achei que com isso poderia vê-lo de novo, até... dar um jeito de ele poder ficar, mas por sua causa, ele teve de se sacrificar!

— Você quer colocar a culpa daquele fiasco em mim? — ele ri. — Você foi avisado de que não estava pronto, não ouviu por sua conta e risco.

— Pode até ser, mas o mínimo que você pode fazer é me dar um tempo para me despedir dele, do meu jeito. Quero ver se a cabana onde fui criado ainda existe, quero prestar minhas homenagens.

— Você quer prestar honras fúnebres a um homem que já estava morto há séculos? Realmente não sinto falta do sentimentalismo humano e, você deveria abandonar isso.

— Não, eu não vou. E essa é minha condição para aceitar desfazer o selamento. Não vou desistir disso.

— Sua visita ao paraíso alertou todos os anjos da sua existência, sair dessa ilha é uma péssima ideia.

— Você pode me esconder, do mesmo jeito que esconde essa ilha.

  Que assim seja — Zuhiel bufa, depois revira os olhos. — No entanto, devo alerta-lo de que quando chegar a hora de treinar você e os seus amigos, farei com que se arrependa disso.

— Não esperaria algo diferente de você.

— Duas horas. É todo o tempo que vou te dar.

— Já serve. Você tem que abrir algum portal ou... — antes que eu consiga terminar a frase ele toca no meu ombro e logo depois já não estou mais no quarto dele. — É, não vou me acostumar com isso.

Me surpreendo ao ver que estou de volta a cabana onde fui criado e que ela está exatamente igual eu me lembro. Tem bastante poeira acumulada, mas... está intacta tirando isso. Já tem mil anos, isso não faz sentido. A essa altura alguém já teria a encontrado, seja para usar de abrigo ou para destruir e construir outra coisa do lugar.

Caminho observando o lugar, procurando sinais de armadilhas, mas não acho nada. Ao chegar no meu quarto a única coisa que se sobressai é um bilhete: “sei que esse lugar é especial para você, então o protegi, meu amado príncipe”.

A letra parece bem feminina e está escrito em larvenês, agora eu não sei se é um sobrevivente do meu reino ou se é alguém que estudou a língua. Eu acho que pode ser a tal mulher de vestido branco, mas é difícil ter certeza a essa altura.

Respiro fundo e tento me concentrar. Eu vi o Zuhiel fazendo isso uma vez, talvez eu também consiga. Estendo a mão, tento extrair a tal magia profana da qual ele falou, quero tentar reproduzir o que aconteceu aqui quando a mulher visitou. O problema? É que por mais que eu me esforce nada acontece.

— Não adianta tentar reproduzir um feitiço após vê-lo apenas uma vez — escuto alguém dizer, olho para a porta e tem um homem alto, de cabelos castanhos, barba por fazer, olhos azuis e uma expressão séria. Ele está vestindo uma camisa preta, jeans surrados e tem um lenço vermelho amarrado no pescoço. — Até mesmo para um nefilim é necessário estudo e prática. E é claro, não ter os poderes selados.

— Quem é você?

— Você é mais esperto que isso — ele sorri, amigavelmente. — Sabe o que eu sou e porque estou aqui. Mas acho que você queria isso, não é mesmo, Dymas Sinclair?

— Na verdade, não imaginei que encontraria um anjo aqui. E muito menos que você se vestira de forma tão casual sem armadura.

— O que estava esperando? Terno e gravata? — ele ri. — Somos soldados, não funcionários de uma empresa burocrática.

— Não foi o que pareceu quando eu estive na sua casa.

— Interessante, na verdade. Sempre me perguntei olhos mortais veriam — ele leva a amo ao queixo. — Depois você tem que me contar tudo sobre o que viu ou ouviu. No entanto, agora acho que temos outros assuntos a tratar.

— Não quero ser mal educado, mas... pensei que estava oculto para vocês. Realmente não estou pronto para outra luta no momento.

— Para sua sorte, nem eu. Ainda estou me recuperando do ataque do seu mentor — ele levanta a camisa e vejo um ferimento aberto reluzente em seu abdome, mas noto que ele não tem umbigo. — E aliás, foi checando o arquivo do seu mentor que descobri esse lugar. As outras descobertas já foram mais complicadas. Encontrar pessoas que você conheceu e que podiam me dar pistas não foi fácil. Mil anos é muito tempo para filtrar...

— Ah, lamento por ter te dado trabalho. Mas e agora que está aqui? O que você quer? Se fosse me matar...

— Depois de te estudar bastante, cheguei à conclusão de que você é só um cara no lugar errado e na hora errada. Ainda pode sair dessa.

— Quer se explicar?

— Você teve uma vida difícil, já passou por maus bocados, já feriu muitas pessoas, mas no geral, costuma estar do lado certo. Ainda não é tarde para sair desse caminho. Você rompeu apenas um dos selos, não precisa romper o resto. Pode ter sua vida de volta.

— Deixe-me adivinhar, essa é a parte que você diz: “se não...” — apesar de saber que não posso derrotá-lo, não pretendo deixá-lo me intimidar.

— Você está entendendo errado — ele balança a cabeça negativamente. — Estou aqui para tentar ajudá-lo. Quero resolver as coisas sem que mais ninguém saia ferido. Ninguém precisa acabar como o Gerard. Ele era um bom homem, e eu lamento o destino que ele teve.

— Cale a boca! — levanto o tom de voz. — Você não sabe nada sobre ele. E se não tivesse ido atras de nós, nada daquilo teria acontecido.

— Realmente, você só teria mandado seu mentor para o inferno — sua voz é pura decepção. — Olha, eu tenho de cumprir ordens, como todos os outros anjos. Mas, eu sou o anjo da misericórdia. Estou buscando um caminho melhor.

— E que ordens são essas? Me matar?

— Antes, precisamos conversar. Você pelo menos deveria considerar o que tenho a dizer.

— Conversar, sei... você quer me dissuadir, isso sim.

— Sim. Quero te falar sobre o apocalipse e, te explicar por que é melhor deixar seu pai onde está.

— Ah, eu conheço essa história, já li sobre ela em diversas versões e livros diferentes — ele quase me faz querer rir. — Você vai querer me falar das vidas que serão perdidas, do inferno que o mundo pode se tornar, do que pode acontecer comigo ou com os meus amigos... — aponto para ele, com meus olhos brilhando. — Mas quer saber? Eu até posso considerar mudar de ideia. E só você me responder onde estavam os anjos nesse tempo todo. Sério, em quase mil anos você é o primeiro anjo que eu vejo. Imagino que vocês deveriam ter algo muito mais importante para fazer do que ajudar a porra do mundo!

Por um momento ele engole em seco, parece ficar sem resposta, como se essa questão nunca tivesse passado pela sua cabeça.

— Isso é... os anjos seguem ordens... nós não... não podemos interferir no livre arbítrio... tudo segue... — é estranho ver alguém tão determinado a um minuto atrás parecer tão confuso com uma só pergunta.;

— Se você disser “os planos de deus”, vou ter que socar a sua cara.

— Escuta, eu lamento que as coisas sejam assim, mas... nós lutamos pelo equilíbrio...

— Não sei por que ainda estou te ouvindo — o interrompo, cansado. — Você é só mais um soldado com fé cega. Sequer questiona se o que está fazendo é certo. Vocês anjos são um bando de hipócritas — sinto uma intensa raiva tomar conta de mim, a ponto da minha aura ficar vermelha e fazer o ar ao meu redor vibrar. — Se vocês não podem intervir para ajudar, também não devem intervir na minha decisão de soltar meu pai. E, para ser sincero, acho que vocês merecem tudo que vai acontecer daqui para frente.

— Você deveria reconsiderar — ele responde, num tom entristecido. — Existem aqueles no paraíso que desejam o apocalipse. E, é só por isso que te deixaram vivo até agora, garoto. Você acha mesmo que o filho de Lúcifer teria passado despercebido? Que os arcanjos simplesmente ignorariam a sua presença? Depois que libertar seu pai o seu papel terá sido cumprido... você e seus amigos...

— E qual a diferença então? Se eles me deixaram vivo para isso, me recusar significa que perco a utilidade — Zuhiel deixou de mencionar essa parte, não acho que tenha sido de propósito. — A meu ver, minha única escolha é lutar ao lado do meu pai.

— Lamento que seja essa sua decisão — ele se levanta, na mesma hora o bar é tomado por uma intensa luz branca. — Ainda existem aqueles no paraíso que não querem nada disso. E mata-lo é a nossa única saída.

— Então veio mesmo tentar me matar — apesar de me sentir diminuído pelo poder que está ao meu redor, não vou abaixar a minha cabeça, não para esse cara.

— Eu não, o arcanjo que me mandou, sim — a luz se tornou forte demais para que eu manter meus olhos abertos. — Se sobreviver e encontrar a razão, basta chamar meu nome, Zadiel.

O lugar então é tragado pelo fogo vivo — o mesmo tipo que destruiu a Larvênia — e, eu não posso fazer nada para impedir.

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