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Herdeiros do Caos - O Lamento do Príncipe capítulo 7

 Tem noites que parecem não ter fim, assim como seus terrores.

 

Caminho pelos corredores da delegacia ao lado do Sargento. Mais uma vez os outros policiais me encaram e sussurram, não consigo dizer quais deles estavam com o Mão de Aço e quais só me achavam estranho. Mas nada disso importava naquele momento.

— Conseguiu a resposta que queria? — o Sargento pergunta.

— Sim — o encaro por um instante, sei que não deveria dizer nada, mas não consigo me segurar. — É melhor que você não esteja aqui essa noite.

— É, eu estava mesmo pensando em tirar uma folga e dar uma olhada no meu filho.

Dito isso, vou embora. Ele entendeu e sabe que é melhor sair do meu caminho. Não que ele já tenha me visto realmente bravo, mas uma vez estava perto quando salvei um cara de ser atropelado e eu... posso ter empurrado um ônibus para o lado com um chute. Isso com certeza deixou uma impressão.

Já é de noite quando saio. Olho para o horizonte, na direção do hospital — um pequeno ponto embaçado nessa distância — e me preparo para andar todo o percurso novamente.

Eu poderia pegar outro taxi? Claro. Mas acabar com o dinheiro que o Z conseguiu desse jeito me parece errado. Então ascendo meu penúltimo cigarro do maço e começo a caminhar. Na minha mente tem duas coisas em foco: retirar a Vallery da cadeia com os menores riscos e danos possíveis. E a outra é como matar o Zuhiel.

Aquele cara — demônio — é perigoso, só não sei ainda o quanto. Só que não posso deixá-lo por perto para descobrir. Todos a minha volta correm perigo. Vallery com certeza foi apenas o começo. E eu não vou deixar mais ninguém se machucar para esse cara chegar até mim.

Mas a pergunta é: como se mata um demônio? Descobrir isso vai ser minha prioridade número um depois que a Vallery estiver livre.

Cruzo a esquina e olho para a confeitaria da Dona Dalma. Ela já está fechada e com as luzes apagadas. Até que não é incomum para o horário, mas achei que os garotos estariam aqui com ela para ajudar a arrumar as coisas na loja, ou somente para não ficarem sozinhos no hospital. Vou ter que perguntar aos garotos se está tudo bem com ela.

O hospital está se aproximando. Estou feliz que vou poder dizer aos garotos que a Vallery é inocente. É claro que também vou ter de dizer que precisaremos deixar a cidade e que vou sumir por uns tempos, espero que eles se concentrem na parte boa. Não posso dar tempo de eles questionarem. Precisamos arrumar nossas coisas e estar prontos para partir assim que eu voltar.

Quando passo pela porta meu coração gela. Tem algo errado. Eu posso sentir. Escuto os gritos desesperados do Duncan. Fico com medo do que vou encontrar ao subir as escadas, mas subo mesmo assim. Corro pelo corredor, os gritos vem do meu quarto.

Quando entro arregalo os olhos.  Duncan está tendo o pescoço apertado por um homem de armadura, um que vira o rosto esquelético na minha direção. Ele está tão decomposto que chega a ser irreconhecível, mas os olhos... brilhantes e acusatórios eu já vi nos meus pesadelos. É um dos soldados que tentou me matar quando eu era criança.

— O que... o que está acontecendo aqui? — tenho dificuldade em formular a frase.

O Harvey está caído no chão e tem outro soldado esquelético com o pé em cima do peito dele, pelo estado dele, tentou lutar e foi derrotado. Já o Z está no canto, chorando, cercado pelos outros dois soldados. Pelo menos não está ferido.

— Esses... esque-queletos vieram do na-nada! — Duncan responde, com dificuldade.

— Principe demônio... — o soldado segurando ele tem uma voz rouca, quase distante, como se sua alma estivesse muito longe do próprio corpo. — Nós morremos por sua causa! Queremos vingança!

— Vocês tentaram me matar! — grito, me sentindo tão indefeso como quando eu era um garotinho, odeio isso. — Deixem meus amigos em paz!

— Não — ele aperta mais o pescoço do Duncan, a cor já está desaparecendo do rosto dele.

— Zuhiel! — eu grito, o mais alto que consigo. — Eu sei que é você quem está por trás disso! Faça parar!

— Por que eu deveria? Estou me divertindo com o show — ele surge ao meu lado, com um sorriso que me faz querer soca-lo. — Eu disse que andei te estudando, sei que esses quatro aqui não são os únicos que te odeiam.

— Então é esse o seu plano?! Vai ficar revivendo os mortos no meu passado até eu decidir te ajudar?

— Longe disso. Esses quatro aqui são mais que o suficiente para torturar os seus amigos pelo tempo que eu julgar necessário. Veja — o soldado segurando o Duncan relaxa a mão, só para que ele possa recuperar o ar, mas não o solta. — Meu feitiço impede que eles tirem a vida dos seus preciosos amigos. Mas nós dois sabemos que tem várias coisas piores do que a morte. Por exemplo... — ele aponta para o braço do Duncan e o solado na mesma hora o torce até ouvirmos um estalo. Eu arregalo os olhos na hora. O grito do Duncan faz meu coração pesar de tanta impotência.

— Seu filho da puta! Eu juro que vou te matar! — dou um soco nele, mas ele nem parece sentir.

— Você não tem poder para isso no momento. Deve ter alguma fagulha sobrando, mas não pode me derrotar, nem salvar os seus amigos.

— Dy... do que vocês estão falando? — o Z pergunta, lá no canto, nunca o vi tão assustado

— Eu prometo explicar tudo depois — respondo, depois me viro para o Zuhiel. — Solte-os, agora! Senão nunca vou fazer um acordo!

— Ah, não. Não vou solta-los. Mas vou te dar a chance de salvar alguém que ainda pode.

— Do que caralhos você está falando?! — meus olhos brilham, o prédio chega a tremer, mas nem isso parece o assustar.

— Sua outra amiga, a que gosta de fazer tortas. Acontece que nesse momento ela está para receber uma visita não muito amigável de capangas do homem que você chama de Mão de Aço. Seria uma pena se algo acontecesse a ela. Não acha?

— O que foi que você fez?!

— Eu? Nada — ele volta a sorrir. — Mas posso ter sussurrado para ele que hoje seria uma noite propicia para agir. E você está aqui, perdendo seu tempo. Seus amiguinhos vão continuar aqui te esperando. A menos...

— Que eu faça o pacto e liberte meu pai? É, vai sonhando — minha vez de rir. — Eu vou salvar a Dona Dalma, e quando eu voltar, vou acabar com você de um jeito ou de outro.

— Ameaças vazias não te levarão a lugar algum comigo. No entanto, se você aceitar o pacto, não só posso garantir a segurança dos seus amigos, como nunca mais feri-los por quaisquer meios.

— A resposta ainda é não!

Saio pela janela, quebro o vidro e sofro vários cortes, mas não me importo. Duncan e o Z gritam o meu nome, mas eu não olho para trás, não posso, senão não vou ser capaz de fazer o que preciso. Respiro fundo e deixo o ódio vir a tona. Meu corpo é coberto por uma aura vermelha e eu consigo o impulso para me içar direto até a esquina. O problema é que a aura magica some assim que aterrisso. É sempre assim desde que selei meus poderes, as fagulhas que consigo despertar não duram.

Talvez o Zuhiel esteja certo. Não posso vence-lo ou os soldados que ele trouxe de volta. Mas eu não fugi, né? Estou aqui para salvar outra pessoa com quem me importo. Não é possível que quase mil anos tenham passado e eu não consiga enfrentar aqueles homens!

As luzes ainda estão apagadas na loja, mas a porta está aberta, escancarada — quem fez isso nem se deu ao trabalho de esconder. Meu coração começa a bater ainda mais rápido, sinto que ele pode pular para fora do meu peito a qualquer momento.

Eu entro, já esperando pelo pior. Começo a ouvir vozes, elas vêm do segundo andar, onde ela costuma guardar os ingredientes das tortas, mas também o cofre. Dona Dalma lá aqui, com pelo menos mais três homens. Eles estão agitados; mas diante da conversa, parecem ser só assaltantes comuns, eu posso lidar com eles, mesmo sem poderes.

Caminho devagar, tentando não fazer barulho. Suo as escadas e encontro a porta aberta. Estava certo quando a quantidade: dois deles estão apontando suas metralhadoras para a porta — nesse momento percebo que não são ladrões comuns — e o outro aponta uma espingarda para a cabeça da Dona Dalma. As mãos dela tremem enquanto tenta girar a combinação do cofre.

— Eu posso saber o que os três otários estão fazendo aqui? — pergunto, tentando parecer calmo, eles têm que sentir que eu estou no controle, do contrário, a coisa pode dar muito errado. — Ou já se esqueceram que esse território é meu? — meus olhos brilham, a lâmpada do teto pisca por alguns instantes.

— O chefe mandou dizer que isso acabou —um dos homens na frente da porta responde, arrogante, corajoso e burro. — Ele mandou dizer que a garota que foi presa hoje foi só o começo!

É! Se nós não podemos te matar, vamos ferrar com a vida de todos que você gosta! — o outro concorda e eu cerro os punhos, Dona Dalma ainda está sob a mira da arma, ela me encara por um segundo, assustada, suplicante.

— Seus olhos podem brilhar o quanto quiser! — o homem segurando a espingarda grita, ele nem olha para mim. — Não nos assusta mais!

— Vocês não sabem o que estão fazendo... — eu respondo, tentando me manter calmo, não por medo deles, mas pelo que eu posso acabar fazendo. Minha fúria não pode mais destruir um reino, mas acho que ainda sou capaz de destruir uma casa inteira se eu perder o controle. — Ainda dá tempo de vocês irem embora...

— É você quem vai aprender que nós estamos falando sério — ele respondeu e então aperta o gatilho.

O mundo começa a andar em câmera lenta. Escuto o barulho do disparo, o grito abafado da Dona Dalma e as risadas daqueles homens. Antes mesmo do corpo dela cair no chão já sei que não tem nada que eu possa fazer para salvá-la — o tamanho do buraco em sua cabeça, a quantidade de sangue que jorrou, a proximidade que ela estava da arma —, pelo menos foi uma morte rápida, bem diferente da que esses homens vão ter.

Caio de joelhos, sem acreditar. Sacudo a cabeça em negação, ela não tinha nada a ver com isso, era uma das melhores pessoas que conheci em toda minha vida e tinha morrido por causa da minha arrogância! O sangue dela está em minhas mãos! Tudo porque subestimei o Mão de Aço, tudo porque não fiz o que deveria naquela noite, acreditando que uma demonstração de força e um pouco de piedade iriam impedi-lo de cruzar o meu caminho novamente. Que ingênuo eu fui! O Zuhiel só trouxe à tona a fúria de um inimigo que eu mesmo cultivei.

Os capangas não me esperam reagir, nem se preocupam com o cofre. Eles saem correndo — um deles até esbarra em mim e me derruba no chão — despertados para fora da loja. Os idiotas acham que podem fugir, mas não existe nada nesse mundo que pode salvá-los de mim depois do que fizeram.

Eu me levanto, sentindo todo meu corpo tremer de raiva. Conheci Dona Dalma desde que me mudei para Seattle, levei alguns anos para realmente me aproximar e me tornar amigo dela. Mas depois disso, não teve um só dia em que nós dois não tenhamos conversado. A morte dela não vai ficar impune!

Eu grito, tudo ao meu redor começa a tremer. Meu braço direito começa a esquentar — bem no lugar onde está a tatuagem que mantem meus poderes selados — tanto que parecia pegar fogo. E é isso que acontece, agora não é só a aura vermelha ao redor do meu corpo, tem chamas vermelhas feitas de escuridão e ódio, um vermelho tão escuro que beira ao preto saindo por todo o meu corpo.

O brilho nos meus olhos aumenta até não existir nada além do vermelho e o desejo de vingança. Meus problemas, minhas preocupações, tudo some. Só uma coisa importa: o Mão de Aço e todos os seus capangas. Até o fim da noite não vai restar um único homem de pé.

Eu sei que deveria ir salvar os meus amigos, mas Zuhiel não vai mata-los. Precisa deles para me controlar. Então o Mão de Aço é o único em quem posso descontar a raiva essa noite! Em um piscar de olhos já estou na rua. Vejo os desgraçados entrando em um SUV prateado e dando partida. Eu corro, sorrindo como um louco. É a primeira vez em muito tempo que sinto uma real fagulha do meu poder despertar e não existia veículo algum que eu não possa alcançar no momento.

O carro continua seguindo na direção de Eastlake, eles estão ansiosos para dar as boas notícias ao chefe. Uma pena estragar isso! Alcanço-os em menos de um minuto. Poderia fazer isso de centenas de formas diferentes, mas assim que chego perto do SUV acerto um murro usando toda a minha força. O carro toma um impulso para frente, mas fica desgovernado e logo capota. Paro de contar depois da vigésima vez que ele gira. Vejo a fumaça saindo, escutei o barulho de metal sendo amassado e os gritos dos homens, acho que é pouco. Não sofreram nem metade do que deveriam!

Me aproximo do veículo. Eles ainda estão vivos, de alguma forma. Isso é até melhor. Um deles coloca a cabeça para fora da janela e me vê. O pavor em seus olhos eréa tudo o que eu queria, pude perceber o arrependimento, a certeza da morte, o medo do que vem depois.

Cada passo que dei na direção dele deixou um rastro de escuridão, as chamas que saem de mim estão queimando o asfalto e escuto o crepitar intenso, como se elas gritassem junto comigo.

— Você... você é mesmo um demônio! — o motorista do veículo grita, o mesmo homem que atirou em Dona Dalma,

De alguma forma ele conseguiu se arrastar para fora, isso é mais que perfeito!

— Eu avisei, dei a vocês uma chance de ir embora — eu o pego pelos ombros e jogo seu corpo na direção do carro sem usar força, não quero acabar com ele tão rápido.

— Fique longe de mim! — ele tem coragem o bastante para pegar a arma.

O homem atira, umas três vezes. Só sinto realmente o disparo que acertou minha cabeça, um buraco enorme se abre e eu dou alguns passos para trás, chego a cambalear, mas um segundo depois é como se nada tivesse acontecido.

— Minha vez — digo, sorrindo diabolicamente.

Enterro minha mão no peito dele; como se sua carne e seus ossos não tivessem resistência alguma, quase como uma sacola de plástico se despedaçando. Sinto seu coração batendo acelerado, tum, tum, tum, sem parar. Os olhos dele encaram os meus enquanto eu o esmago. Começo a gargalhar quando a vida se esvai de seus olhos, não porque eu gosto de fazer isso, mas porque a outra opção é chorar e se eu começar não vou conseguir terminar o que tenho que fazer.

Não me importo com os outros dois dentro do SUV, mas para garantir que vão morrer toco o veículo e deixo o fogo que sai de mim tomá-lo. Paro apenas o suficiente para ouvir os gritos quando as chamas chegam aos seus corpos, menos dois.

Só me resta me livrar do chefão, o homem que teve a audácia de me provocar, mesmo depois de eu ter mostrado o que podia fazer e oferecido clemência. Mas não dessa vez. Apesar de poder correr, não acho que seja a melhor forma de cruzar até o outro lado da cidade. Olho na direção do céu para me localizar e calcular o ângulo e então salto. Me torno um tiro rasgando o ar em direção ao céu, o rastro de escuridão em volta de mim é como a cauda de um cometa. Quando alcanço altura o suficiente giro a cabeça na direção da casa do meu inimigo e voo até lá como um míssil.

Dessa vez, nada de entrar pela porta da frente, nada de aviso ou de ameaças. Só existe a morte que vou levar com minhas mãos. Eu atravesso o teto de supetão e todos são pegos desprevenidos. O caos começa. A maioria sai correndo assim que me veem, mas alguns são estrupidos o bastante para atirar em mim. Aponto minhas mãos para eles e o fogo caminha lentamente, sabendo que chegará ao seu alvo e o transformará em cinzas.

Derrubo todos que aparecem no caminho até ficar de frente para a porta do cretino. Eu a chuto com tanta força que ela se desprende das dobradiças e é arremessada até atravessar a outra parede. O Mão de Aço quase foi levado junto, mas ele cometeu o erro de desviar, isso vai ser pior para ele.

Gosto de ver o pavor em seus olhos, o mesmo daquela noite onde cortei sua mão. Mas dessa vez ele sabe que não vai sair daqui vivo, por isso tenta rastejar.

— Alguém atire nessa coisa! — ele grita, mas ninguém vem. — Não deixem ele me pegar! O que estão esperando?!

— Nada. Seus homens o abandonaram, os que ainda estão vivos, pelo menos — eu respondo, dou mais um passo em sua direção. — Você tinha que bancar o idiota corajoso, não tinha? — eu o alcanço e o levanto com apenas uma mão. — Dá primeira vez que nós nos encontramos eu te avisei para ficar longe, disse o que ia acontecer se cruzasse o meu caminho... e mesmo assim, não adiantou nada! Acho que cortar sua mão não foi o bastante, não é? Tudo bem! Dessa vez não vai restar nada!

Ele me encara assustado, esperando pela morte, mas não foi é isso o que eu faço, não tão rápido. Sinto cada um de seus homens — os que estão na propriedade, os que tentaram fugir, aqueles que estão nos esconderijos, todos que tem algum traço de sua essência gananciosa — e então o show começa. Eu o arrasto na direção da janela a tempo de ver as cabeças de seus capangas começarem a explodir. É nojento, mas também lindo. Um a um, onde quer que estejam vão todos morrer. E isso tudo porque o chefe deles não pôde me deixar em paz!

— Você matou uma boa pessoa hoje. Alguém que não merceia isso — eu o viro na minha direção, ele está ainda mais horrorizado do que na primeira noite. — É uma pena que você não vá sofrer metade do que realmente merece!

Eu toco a ponta do seu nariz com meu indicador e vejo uma pequena fagulha de escuridão se fixar, por alguns segundos ela ficou parada, pensativa, descobrindo o novo ambiente, logo depois começa a se alastrar e o Mão de Aço a urrar de dor. Eu o largo no chão, como um brinquedo quebrado. O assisto se contorcer e gritar por socorro por alguns segundos, mas ele logo deixou de existir e as chamas se apagam. Não me sinto satisfeito, isso não vai devolver a vida da Dona Dalma, mas pelo menos ele não iria tirar a de mais ninguém, nunca mais.

Olho na direção do Hospital. A noite ainda não acabou. Tenho que lidar com o Zuhiel e, para que ninguém mais morra essa noite, vou fazer o que ele quer. Pelo menos por enquanto, ele venceu.

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